Quando pensamos em alimentação saudável, é comum associarmos a ideia de “dieta restritiva” ou de uma busca incessante por um corpo perfeito.
Mas a nutrição vai muito além disso: ela é, também, uma ferramenta poderosa para cuidar da mente. O que colocamos no prato pode impactar diretamente nosso humor, disposição, qualidade do sono e até nossa forma de lidar com o estresse.
Nos últimos anos, a ciência tem mostrado com cada vez mais clareza a relação entre o intestino e o cérebro.
Você já deve ter ouvido falar no termo “segundo cérebro”: é assim que muitos especialistas chamam o intestino, já que ele abriga trilhões de bactérias que influenciam na produção de neurotransmissores como a serotonina, conhecida como o “hormônio da felicidade”.
Estima-se que cerca de 90% da serotonina do corpo seja produzida no intestino. Ou seja, alimentar-se bem não é só questão de energia, mas também de equilíbrio emocional.
Quebrando o tabu das dietas
Um dos grandes equívocos quando falamos em alimentação é acreditar que existe uma “fórmula perfeita” ou uma “lista de proibições” que deve ser seguida à risca. Isso, além de ser insustentável, pode gerar ainda mais ansiedade e culpa.
O caminho para o bem-estar não está em dietas restritivas, mas em escolhas conscientes e equilibradas que respeitam o corpo e a individualidade de cada pessoa. Comer bem deve ser um gesto de autocuidado, e não de punição.
As chamadas “dietas loucas” – que prometem resultados rápidos e milagrosos – podem trazer consequências sérias para o corpo e para a mente.
Restrições severas de calorias ou de grupos alimentares inteiros, além de desequilibrar o metabolismo, aumentam a sensação de privação, elevam o risco de compulsões alimentares e contribuem para um ciclo de frustração e culpa.
Muitas vezes, o resultado é exatamente o oposto do esperado: mais estresse, baixa autoestima e até sintomas de ansiedade e depressão.
Por isso, mais importante do que seguir modismos, é aprender a ouvir o corpo e adotar hábitos que possam ser mantidos a longo prazo.
Como a alimentação pode ajudar na saúde mental?
Aqui estão algumas práticas simples e responsáveis que podem fazer diferença no seu dia a dia:
1. Inclua alimentos ricos em triptofano
Sementes, castanhas, ovos e leguminosas são boas fontes desse aminoácido, essencial para a produção de serotonina. Uma boa forma de colocá-los no prato é adicionar castanhas como lanche entre as refeições ou incluir feijão e lentilha no almoço e no jantar.
2. Prefira alimentos integrais e naturais
Frutas, verduras, legumes e grãos ajudam a manter o intestino saudável e fornecem energia constante para o corpo e para o cérebro.
Para tornar a escolha mais fácil, pense em “colorir” o prato: quanto mais cores naturais, mais variedade de nutrientes você estará consumindo.
3. Cuide da hidratação
A desidratação pode afetar a concentração, a memória e até o humor. Um bom hábito é deixar sempre uma garrafinha de água à vista e estabelecer pequenas metas ao longo do dia, como beber um copo a cada hora.
4. Reduza ultraprocessados
Esses alimentos, ricos em açúcares, gorduras ruins e aditivos, podem aumentar inflamações no corpo e estão ligados a maior risco de depressão e ansiedade.
Não se trata de nunca consumi-los, mas de não deixá-los ocupar a base da alimentação. Uma boa estratégia é substituir aos poucos: trocar o refrigerante por água com gás e limão, ou os biscoitos recheados por frutas frescas.
5. Respeite o momento da refeição
Comer com atenção plena, sem distrações, fortalece a conexão entre corpo e mente. Experimente fazer pelo menos uma refeição do dia sem celular ou televisão, prestando atenção nas cores, texturas e sabores dos alimentos.
O equilíbrio como chave
Não se trata de buscar uma alimentação “perfeita”, mas de cultivar uma rotina em que a comida seja uma aliada, trazendo energia, prazer e equilíbrio.
Um prato colorido e nutritivo pode ser, muitas vezes, o primeiro passo para dias mais leves e uma mente mais tranquila.
Cuidar da saúde mental passa por muitos aspectos, como sono, atividade física, vínculos sociais, terapia e a alimentação é uma peça fundamental desse quebra-cabeça. Escolher bem o que vai no prato é escolher cuidar de si mesma por inteiro.
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source https://boaforma.abril.com.br/coluna/aline-becker/nutricao-e-saude-mental/
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