A expressão endo belly ganhou força nas redes sociais para descrever um inchaço abdominal acentuado, que pode surgir de forma repentina e até mudar a silhueta de quem vive com endometriose.
Embora a aparência possa lembrar retenção de líquidos ou excesso de gases, o fenômeno tem mecanismos diferentes e, em alguns casos, é um importante sinal de alerta para investigação médica.
“O endo belly está relacionado à inflamação e ao acúmulo de líquido na pelve, muitas vezes associados a aderências e à própria atividade da doença. É comum que esse inchaço surja em determinados períodos do ciclo menstrual e desapareça em horas ou dias, mas a recorrência deve motivar uma avaliação especializada”, explica o ginecologista Dr. Marcos Tcherniakovsky, Chefe do Setor de Videoendoscopia e Endometriose da Faculdade de Medicina do ABC, diretor da Sociedade Brasileira de Endometriose e responsável pela Clínica Ginelife.
Fundamento científico
Pesquisas publicadas no BMC Women’s Health e no Journal of Clinical Medicine mostram que 96% das mulheres com endometriose relatam episódios de inchaço abdominal, contra 64% entre mulheres sem a doença. Além disso, um estudo de meta-análise publicado na MDPI indica que a endometriose triplica o risco de síndrome do intestino irritável, que afeta cerca de 23,4% dessas pacientes, e agrava o inchaço cíclico.
Outro dado relevante, registrado na BMC Women’s Health, é que 75% das portadoras de endometriose apresentam sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, constipação e distensão, frequentemente piores durante o período menstrual.
“O mais importante é entender que não se trata apenas de um incômodo estético. Muitas pacientes acreditam que basta cortar glúten ou lactose para resolver, mas a conduta correta depende do diagnóstico. Dietas específicas podem ajudar — como a low-FODMAP, que já demonstrou reduzir dores e inchaço em 60% das pacientes com endometriose — mas precisam ser personalizadas e, muitas vezes, associadas à fisioterapia pélvica, manejo medicamentoso ou até cirurgia”, orienta Dr. Marcos.
Descarte todas as hipóteses antes
O especialista reforça que o endo belly pode ter causas sobrepostas e é fundamental descartar outras condições, como adenomiose, miomas, intolerâncias alimentares e doenças intestinais.
“A avaliação com ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal ou ressonância magnética de pelve é decisiva para identificar lesões e planejar o tratamento de forma segura e assertiva. Dados publicados na revista EatingWell Health mostram ainda que 83,8% das pacientes tentam mudanças alimentares por conta própria e que 66,9% relatam melhora da dor, o que reforça a importância do acompanhamento nutricional profissional para garantir resultados mais consistentes”, acrescenta.
Mais do que uma hashtag ou tendência digital, o endo belly é um sintoma real e, muitas vezes, debilitante. Ignorá-lo pode atrasar o diagnóstico e permitir a progressão de uma doença crônica. “Procurar atendimento especializado ao notar o inchaço recorrente não apenas traz alívio, mas pode mudar o curso da doença e preservar a qualidade de vida”, conclui.
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source https://boaforma.abril.com.br/equilibrio/endo-belly-quando-inchaco-abdominal-alem-retencao-liquidos/
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