Nos últimos anos, temos falado cada vez mais sobre qualidade de vida, bem-estar e propósito. Em meio a esse movimento, surge um conceito poderoso e transformador: o florescimento humano.
Muito além de apenas “estar bem”, florescer é viver com plenitude, desenvolver potencialidades, ter relações saudáveis e encontrar sentido no que se faz.
É, em essência, uma nova forma de medir a felicidade — aquela que vai além das aparências e se ancora em experiências reais de bem viver.
Mas, afinal, o que significa ser verdadeiramente feliz? Será que estamos prontos para encarar essa pergunta com profundidade?
Num mundo acelerado, onde as metas e os resultados ditam o ritmo da vida, muitas pessoas têm se perguntado se estão realmente vivendo ou apenas sobrevivendo. É possível florescer mesmo diante de pressões, cobranças e incertezas?
De acordo com Martin Seligman, psicólogo e um dos precursores da Psicologia Positiva, o florescimento humano envolve cinco elementos essenciais: emoções positivas, engajamento, relacionamentos positivos, sentido e realização (o modelo PERMA).
Em um estudo publicado na American Psychologist (2011), Seligman destaca que o bem-estar sustentável é construído quando esses pilares estão presentes na vida das pessoas, e não apenas na ausência de sofrimento. Ou seja, florescer é mais do que estar sem dor — é viver com propósito, conexão e motivação.
Quando nos aprofundamos nesse conceito, percebemos o quanto ele dialoga com nossas necessidades mais íntimas. Em um cotidiano muitas vezes dominado pela correria e pelo estresse, parar para refletir sobre o que realmente nos faz bem é um ato de coragem.
E mais: é uma escolha consciente. O florescimento humano nos convida a prestar atenção no que nutre a nossa alma — sejam vínculos afetivos, pequenos momentos de alegria ou a sensação de estar contribuindo com algo maior.
Ao mesmo tempo, florescer não é um estado estático, e sim um processo contínuo. Envolve autoconhecimento, aceitação e, sobretudo, ação.
É preciso cultivar hábitos saudáveis, desenvolver a escuta, reconhecer emoções e aprender com os desafios. E, nesse caminho, não há fórmula pronta: cada pessoa floresce a seu modo, no seu tempo. O importante é começar — e se permitir.
Felicidade também é um assunto sério
Felicidade também é um assunto sério. Ainda assim, muitas pessoas relutam em enxergar o florescimento como algo
importante — ou possível. A felicidade, por muito tempo, foi tratada como um tema leve demais, quase fútil, para ser levado a sério.
Mas a ciência já mostrou que ela tem impacto direto na nossa saúde, produtividade e até na longevidade.
Segundo a pesquisa “Global Emotions Report 2023” da Gallup, apenas 42% dos brasileiros disseram se sentir realizados com a vida que levam.
O dado é significativo e nos convida a pensar: por que tanta gente se sente desconectada de si mesma, mesmo tendo acesso a informação, tecnologia e oportunidades?
Parte da resposta pode estar na falta de espaços seguros para o autodesenvolvimento. Em muitos ambientes, principalmente no trabalho, falar de emoções ainda é tabu.
Mas é justamente nesses espaços que passamos a maior parte do tempo — e é ali que o florescimento também deve acontecer.
Colaboradores que se sentem reconhecidos, acolhidos e motivados são mais criativos, engajados e resilientes. Não é sobre romantizar a realidade, e sim sobre criar condições para que cada pessoa possa expressar o melhor de si.
Além disso, cultivar o bem-estar coletivo é uma responsabilidade compartilhada. Organizações que investem em saúde mental, desenvolvimento humano e cultura positiva colhem resultados sustentáveis e relações mais saudáveis.
O florescimento humano, nesse contexto, deixa de ser um ideal abstrato e se transforma em estratégia — humana, ética e inteligente.
Conclusão
Falar sobre florescimento é, antes de tudo, um convite à consciência. É reconhecer que viver bem não é um luxo, mas uma necessidade.
É entender que felicidade não é ausência de problemas, mas presença de sentido. E, principalmente, é lembrar que cada um de nós tem um papel na construção de uma sociedade mais saudável e conectada.
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BIANCA VILELA é autora do livro Respire, palestrante, mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde em grandes empresas por todo o país há quase 20
anos. Na Boa Forma fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Não deixe de visitar o Instagram: @biancavilelaoficial
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source https://boaforma.abril.com.br/coluna/home-office-saudavel/florescimento-humano/
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